Felipe Massa chega aos 35 em sua melhor fase desde acidente de 2009

Por Daniel Médici
O que você está olhando, Felipe?? Piloto caminha pelo paddock do autódromo de Xangai (Johannes Eisele/AFP)
O que você está olhando, Felipe?? Piloto caminha pelo paddock do autódromo de Xangai (Johannes Eisele/AFP)

Na semana passada, Felipe Massa estreou como promotor de corridas. Os competidores foram seu filho, Felipinho, 7, e seu vizinho, o piloto da Red Bull Daniel Ricciardo —ambos moram no mesmo prédio em Mônaco. Munidos de carrinhos elétricos, os dois deram algumas voltas na sala do apartamento do brasileiro.

A “corrida”, transmitida via Facebook, foi um sucesso: teve 4 milhões de visualizações até o momento. O vídeo mostra um Felipe Massa tranquilo e brincalhão fora das pistas, e reflete bem o bom momento que o brasileiro vive dentro delas.

Com 35 anos completados na última segunda-feira (25), o piloto se mostra numa ótima fase, a melhor de sua carreira, dadas as limitações da Williams, desde o acidente sofrido em 2009.

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Nas três primeiras provas do ano, recebeu a bandeirada bem à frente do companheiro, Valtteri Bottas —o finlandês se mostrou muito veloz até 2015, mas tem encontrado dificuldade para dosar seu próprio ímpeto neste início de 2016.

O principal duelo de Massa, porém, não foi com Bottas, mas com Hamilton, nas voltas finais do último GP da China. Com muito talento e a frieza de dar inveja a um psicopata, resistiu bravamente às investidas do piloto da Mercedes até o fim da prova. Foi um dos destaques da corrida em Xangai.

O brasileiro venceu uma corrida na F-1 pela última vez em 2008, em Interlagos. Aquele ano, quando sagrou-se vice-campeão, também foi a última vez em que terminou uma temporada à frente de um companheiro de equipe.

Talvez por isso seja comum, até hoje, que se ouça por aí que Massa nunca mais foi o mesmo depois “daquela mola na cabeça” nos treinos para o GP da Hungria de 2009.

Ao ser atingido por um pedaço de metal, desgarrado do carro de Rubens Barrichello, Massa perdeu a consciência, bateu, foi mantido em coma, operado de emergência e, apesar da rápida recuperação, não pilotou mais naquela temporada.

Massa não se recorda da pancada que sofreu —o que é algo normal em acidentes do tipo. Insiste que seu estilo de pilotagem não mudou a partir de então, e que não carrega sequelas psicológicas decorrentes do evento.

E provavelmente isso é verdade. Após o desconforto em seus últimos anos de Ferrari —quando dividiu a escuderia com Fernando Alonso—, Felipe tem demonstrado qualidades de um piloto de ponta, eventualmente, desde que desembarcou em Grove. A começar nos GPs da Áustria de 2014, quando arrancou uma pole position, e do Brasil, no mesmo ano, com um terceiro lugar de lavar a alma. A disputa pelo terceiro lugar com Bottas no GP da Itália do ano seguinte também ajuda a enterrar a “teoria da mola”.

Mais algumas disputas como a que ocorreu na China, e o episódio da Hungria será definitivamente apagado da memória de muitos outros brasileiros.