Sob o calor do alto verão húngaro, Robert Kubica deixou-se fotografar usando uma camisa polo de manga curta ao final do dia de testes de Budapeste, enquanto concedia entrevista aos jornalistas presentes no autódromo. Foi uma rara oportunidade de o mundo ver as cicatrizes que o polonês ostenta no cotovelo e antebraço direito, resultado do acidente de rali que quase o matou, em 2011.
Na época, os médicos diziam que o piloto jamais seria capaz de guiar um F-1 novamente. Kubica provou que estavam errados pela segunda vez: sob uma temperatura de cerca de 40ºC, o polonês completou 142 voltas ao longo do dia, o equivalente a dois GPs inteiros. Em Hungaroring, vale dizer, uma das pistas mais sinuosas de toda a temporada.
Sua melhor marca foi de 1m18s572, sendo o quarto mais rápido do dia, pela equipe Renault —como as equipes usam configurações diferentes na mesma sessão, é difícil traçar um comparativo mais detalhado. Segundo o próprio Kubica, porém, seu tempo poderia ter sido melhor não fosse uma bandeira vermelha no fim da tarde, que abortou sua simulação de treino classificatório.
A consistência do desempenho do polonês levantou a bola de um rumor que vem circulando a tempos: de que a Renault deve inscrevê-lo em um GP (Itália, provavelmente, pelo traçado retilíneo e pela ligação de Kubica com o país) ainda em 2017. Por ora, a equipe descarta, garantindo que Jolyon Palmer permanece no cockpit até o final da temporada.
Palmer não conta com um ponto sequer marcado no ano, e, em que pesem os contatos do pai nos bastidores, o desempenho sofrível do inglês serve de combustível para tais rumores.
Nada contra o filho de Jonathan, exceto a falta de talento, mas Kubica bem que merece largar outra vez na F-1 —mesmo que para ser figurante. Seria uma forma de fazer as pazes com o destino interrompido no fatídico rali de seis anos atrás. Ainda que não alcance o companheiro de equipe, já valeria a pena, até para mostrar que, às vezes, não é preciso chegar em primeiro para se conquistar uma vitória.
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