No futuro, vamos dizer que a edição das 24 Horas de Le Mans foi aquela em que ninguém parecia querer vencer. Todos os seis protótipos LMP1, favoritos absolutos à vitória no quadro geral, sofreram problemas ao longo da prova, e só dois continuavam rodando quando a bandeira quadriculada foi agitada, neste domingo (18).
A vitória coube ao Porsche guiado por Timo Bernhard, Brendon Hartley e Earl Bamber, levando a marca de Stuttgart à sua 19ª vitória em 85 edições do evento. O carro era dado como carta fora do baralho desde a quarta hora de competição, quando foi recolhido aos boxes por problemas mecânicos, perdendo diversas voltas em relação aos líderes enquanto a equipe fazia os reparos.
A Toyota, que se manteve na briga pela ponta até o meio da noite, viu-se novamente vítima da “maldição” que nunca lhe permitiu uma vitória sequer na principal corrida de endurance do mundo. Dois de seus três carros, e o terceiro chegou a nove voltas dos vencedores, na distante nona posição da classificação geral, devido a um pit stop de duas horas para reparos.
O carro número 9, de Nicolas Lapierre, José Maria López e Yiju Kunimoto, estava apenas uma volta atrás do líder, em segundo, quando sofreu um estouro de pneu com o francês a bordo. Lapierre até tentou chegar aos boxes, mas, a poucos metros de completar a longa volta de quase 14 km, parou de vez na pista.
A Toyota de Kamui Kobayashi, Mike Conway e Stefan Sarrazin, que havia pertido da pole e liderado no início, já havia quebrado na oitava hora de corrida.
A partir desse momento, a vitória parecia garantida para o Porsche número 1, de Neel Jani, Nick Tandy e André Lotterer. Tudo corria bem até a 21ª hora, quando Lotterer também quebrou, com problemas na pressão do óleo. No momento, a distância para o segundo colocado estava em 13 voltas.
A liderança, então, caiu no colo de um protótipo LMP2, categoria menos potente entre os protótipos. O Oreca da DC Racing de Oliver Jarvis, Ho-Pi Tung e Thomas Laurent, porém, não tinha condições de brigar com o Porsche remanescente, que vinha descontando cerca de 13 segundos por volta. A ultrapassagem finalmente aconteceu faltando uma hora e seis minutos para o fim.
O trio comemorou, além da primeira posição na categoria, o primeiro pódio de um LMP2 na geral desde quando a divisão foi criada, em 2005. Eles dividiram a glória com outro LMP2, terceiro colocado, pilotado pelo brasileiro Nelsinho Piquet juntamente com David Heinemeier Hansson e Mathias Beche.
“O automobilismo é um esporte cruel, perigoso e injusto, mas também tem seus defeitos”, foi o título do post deste blog sobre a Le Mans de 2016. A máxima continua valendo.
Atualização – Nesta segunda (19), a direção de prova anunciou a desclassificação do carro número 13 da Rebellion, de Nelsinho Piquet, por alterar componentes homologados nos boxes. A equipe modificou a carenagem do protótipo para poder acessar o motor de arranque sem precisar remover a peça inteira. Com isso, a terceira posição da geral fica para outro protótipo LMP2, da DC Racing, pilotado por Alex Brundle, Tristan Gommendy e David Cheng. A única Toyota a terminar a corrida foi promovida à oitava posição.
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