Por pura coincidência, as últimas três vitórias da Ferrari no GP de Mônaco foram dobradinhas. O problema é que fazia muito tempo em que os carros vermelhos não venciam: a última vez aconteceu há 16 anos, em 2001, com Schumacher. Na época, Rubens Barrichello foi segundo. Em 1999, Eddie Irvine seguiu o alemão até o pódio.
Na corrida deste domingo, (28), a scuderia tem muito a comemorar. Depois de uma pole incrível de Kimi Raikkonen, Sebastian Vettel venceu após assumir a liderança nos boxes. Dessa forma, o tetracampeão abre 25 pontos de vantagem sobre Hamilton, sétimo colocado após um treino classificatório desastroso.
Em nenhum momento o domínio da equipe italiana foi contestado.
De tão conveniente, porém, a troca de posições entre os companheiros de equipe faz algumas sobrancelhas levantarem. Raikkonen tem a experiência e o sangue frio necessários para sobressair nas ruas estreitas de Monte Carlo, mas tem ficado nitidamente abaixo do desempenho de Vettel ao longo do campeonato. Por isso, é natural que o alemão seja considerado pelo time (e por meio mundo também) o candidato natural ao título.
Além disso, sabe-se que uma ultrapassagem na pista é uma quase impossibilidade física no estreito espaço entre os guard rails monegascos. E o retrospecto da Ferrari não ajuda: é a mais contumaz usuária do jogo de equipe em momentos inoportunos da temporada, desde a quase vitória de Rubens Barrichello na Áustria, em 2002, até o “Fernando is faster than you” comunicado a Massa, no GP da Alemanha de 2010.
É uma pena, pois Vettel foi um vencedor quase incontestável no principado. Não conquistou a pole no sábado, mas fez um pequeno milagre na classificação: encontrou mais de meio segundo entre suas duas voltas rápidas no Q3, o equivalente mundano a uma semana em uma pista cuja volta dura menos 1m15s. Na troca de pneus, aproveitou alguns poucos giros de pista livre para construir sua vantagem e controlou a prova depois de sua parada.
A suspeita, porém, e um preço justo que a Ferrari terá de pagar nos próximos anos pelos erros cometidos no passado.
No mais, foi um GP de Mônaco com poucas emoções, excetuando-se o ótimo desempenho de Daniel Ricciardo (novo candidato a especialista do principado) e o susto do acidente de Pascal Wehrlein, que ficou preso no cockpit após uma capotagem parcial antes do túnel. Felizmente, um acidente sem gravidade.
Curta a página do Grid no Facebook