Local: Autodromo Enzo e Dino Ferrari, Imola, Itália. Data: 1º de maio. Uma Williams se projeta contra o muro da curva Tamburello. A bordo dela, um brasileiro que liderava até então. A história soa familiar?
Pois o brasileiro em questão atendia pelo nome de Nelson Piquet Souto Maior, e o acidente não aconteceu em 1994, mas em 1987, há exatos 30 anos.
As semelhanças, felizmente, terminam por aí. Piquet bateu nos treinos de sexta-feira, no qual marcou o melhor tempo, e sobreviveu. Desorientado, saiu sozinho do carro, mas foi internado para observação e não teve autorização para participar da corrida. Anos depois, comentou que a batida deixou algumas sequelas, como dificuldades para dormir. No mais, conquistou o tricampeonato naquele mesmo ano.
Seu acidente foi creditado a um furo no pneu, explicação que faz sentido —a Goodyear era alvo de fortes críticas desde o fim do ano anterior por defeitos em seus compostos.
Piquet não foi o único a se esborrachar na Tamburello antes de 1994. Em sessões de testes de 1991 e 92, respectivamente, Michele Alboreto (Footwork) e Riccardo Patrese (Williams, outra vez), bateram forte no mesmo local. Nenhum destes acidentes foi mais grave, no entanto, que o de Gerhard Berger, em 1989.
Pouco após a largada, uma parte do aerofólio da Ferrari do austríaco se soltou em plena reta. Sem o apoio aerodinâmico para contornar a curva nem frear, Berger acertou em cheio a mureta de proteção que delimita o autódromo, pouco antes de o carro pegar fogo. Graças à ação rápida dos bombeiros, bem como do macacão e capacete anti-chamas, o piloto sobreviveu com poucas queimaduras e voltou ao cockpit dois GPs depois, no México.
As ocorrências na Tamburello são o principal motivo pelo qual qualquer comentarista sério não credita a morte de Ayrton Senna a um erro humano. A Tamburello, apesar de não exigir técnica nenhuma para ser feita, era um dos locais mais perigosos do automobilismo até 1994. Sem área de escape suficiente e com um asfalto ondulado, qualquer problema mecânico enfrentado no local era um potencial passaporte para o centro médico do circuito.
O problema só foi resolvido em 1995, quando a curva de alta, que se fazia com o pé embaixo, foi substituída por uma chicane. Já era tarde demais.
Curta a página do Grid no Facebook