Nem Ferrari foi tão dominante na história da F-1 quanto a Mercedes nos últimos três anos

Por Daniel Médici
Carro de Lewis Hamilton aguarda inspeção em Interlagos, na quinta-feira antes do GP Brasil de 2016 (Daniel Médici/Arquivo pessoal)

Passadas três corridas da temporada, num total de 20, ainda é cedo para fazer prognósticos sobre favoritismo. Sebastian Vettel venceu duas vezes, em condições bastante particulares, mas há indícios de que sua Ferrari leva alguma vantagem competitiva em relação à Mercedes.

A boa notícia é que, pela primeira vez em muito tempo, uma temporada começa com incertezas na frente do grid. A partir de 2014, o que se viu na F-1 foi um domínio prateado que, apesar de criar boas brigas entre companheiros de equipe, levou a categoria a um marasmo monocromático.

Nas últimas três temporadas completas, a Mercedes exerceu uma hegemonia jamais vista na categoria, no mesmo período —nem a Ferrari dos tempos de Schumacher chegou a tal façanha.

Entre 2000 e 2004, o alemão e a Ferrari conquistaram cinco títulos consecutivos de pilotos e construtores, respectivamente. A escuderia italiana foi hexacampeã seguida, já que a sequência de construtores havia começado um ano antes, em 1999. Mas é preciso olhar para a parte de baixo da tabela para entender melhor o que aconteceu.

Schumacher e Ferrari só tiveram vida fácil em 2001, 2002 e 2004. Em 2003, a sequência vitoriosa quase foi interrompida por uma temporada errática, que viu o alemão chegar ao último GP do ano disputando a taça com Kimi Raikkonen.

Além disso, só em 2002 e 2004 a Ferrari conseguiu fazer um vice-campeão mundial, com Rubens Barrichello.

A Red Bull também emplacou uma sequência de quatro títulos de pilotos (Vettel) e construtores entre 2010 e 2013. Ocorre que, se os anos ímpares foram vencidos com relativa facilidade, os anos pares tiveram a decisão, sempre contra Fernando Alonso, levadas para a última etapa. Vale notar ainda que a equipe austríaca não obteve nenhum vice-campeão no período.

Voltando mais ao passado, a McLaren de Senna e Prost só durou duas temporadas. E, na terceira, campeonatos de piloto e construtor só chegaram a Woking após uma tensa batalha contra a Ferrari. Alguns anos depois, a Williams-Renault reinou sozinha. Por duas temporadas.

A Mercedes dos anos 2010, por outro lado, colecionou estatísticas mais impressionantes para triênios. Como mencionado em um post anterior, das 59 corridas disputadas entre 2014 e 2016, os carros alemães venceram 51. E somente três pole-positions não ficaram com os prateados.

Algo jamais visto na F-1, foram três campeonatos de pilotos e três vices consecutivos.

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Olhando para os grids de largada, o abismo para as outras equipes fica mais nítido. A primeira fila foi ocupada por dois carros da Mercedes 12 vezes em 2014, 15 vezes em 2015 e 14 vezes em 2016. As temporadas tiveram entre 19 e 21 provas.

Existe uma explicação para tais números: lobby. A Mercedes condicionou seu retorno à categoria como equipe de fábrica à imposição dos motores turbo-híbridos em um futuro próximo. Quando o regulamento entrou em vigor, os engenheiros de Brackley já contavam com um programa de desenvolvimento mais avançado. Foi preciso uma nova mudança radical nas regras para que a esperança de um equilíbrio se restabelecesse.

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