Antonio Giovinazzi chegou a Melbourne, para a primeira etapa da temporada de F-1, como mais um nome da anônima casta de pilotos reservas —funcionários obscenamente bem pagos para participar de ações de marketing das equipes. Mas saiu de lá carregado de elogios.
O italiano de 23 anos da Ferrari foi cedido às pressas à Sauber, no sábado, para substituir Pascal Wehrlein, que desistira de correr. Mesmo perdendo os treinos livres de sexta, classificou-se próximo ao companheiro, Marcus Ericsson, e terminou a corrida em um honesto 12º posto, em um carro que não conhecia, feito a partir de um regulamento novo.
Era para ser uma presença tapa-buraco no grid, mas o buraco ficou maior. Wehrlein anunciou sua desistência também do GP da China, que acontece no próximo domingo (9). Dessa forma, Giovinazzi terá a chance definitiva de provar seu valor e entrar de vez no radar da categoria.
Seu nome não era exatamente desconhecido do paddock. Segundo o blog do jornalista inglês James Allen, Toto Wolff, da Mercedes, já havia se impressionado com o jovem, mas não tinha muito mais a oferecer do que uma temporada na DTM e alguns poucos testes. A Ferrari, por sua vez, não perdeu tempo e assinou com Giovinazzi.
É uma pena que uma bem-vinda promessa (e aqui devemos sublinhar a palavra promessa) como o italiano tivesse que contar tanto com a sorte para disputar um GP. Hoje, a F-1 tem apenas 20 vagas no grid, o que é muito pouco. Talentos dificilmente surgem prontos da base. Equipes pequenas servem justamente para isso: para abrir mais portas na categoria, dar condições para que os recém-chegados se adaptem e possam brilhar lá na frente. Infelizmente, a Manor, que desempenhou tal função para Wehrlein e Ocon, fechou as portas no início do ano.
O CALVÁRIO DE WEHRLEIN
A sorte de Giovinazzi é o azar do piloto titular. Pascal Wehrlein vive um 2017 angustiante desde que assinou com a Sauber, substituindo Felipe Nasr.
Em janeiro, sofreu um acidente assustador na Corrida dos Campeões, uma espécie de gincana em que pilotos de diferentes categorias competem. Saiu de lá com uma lesão no pescoço que comprometeu todo o seu programa de condicionamento físico. Perdeu a primeira sessão de testes pré-temporada.
Apesar de ter sido liberado pelos médicos, declarou não estar em forma o suficiente para correr em Melbourne. Agora, além da China, especula-se também que o alemão pode não comparecer à etapa seguinte, no Bahrein, na semana seguinte.
Se os boatos se confirmarem, a Sauber pode ter que correr atrás de outro substituto. Caso dispute três GPs, Giovinazzi perderá o direito de ser escalado para os testes de jovens pilotos que acontecem esporadicamente ao longo do ano. O italiano é o favorito para ser inscrito em tais eventos pela própria Ferrari.
Curta a página do Grid no Facebook