Carros mais rápidos fazem a alegria dos pilotos da F-1, mas não da torcida

Por Daniel Médici
Alonso é ultrapassado pouco antes de abandonar o GP da Austrália (F1.com/Reprodução)

Fernando Alonso saiu extasiado de seu cockpit em Melbourne, no último dia 26. Disse que tinha sido a melhor corrida da sua vida. A declaração surpreende porque, depois de lutar para manter um mísero 10º lugar, o espanhol abandonou nas últimas voltas, com a McLaren (pra variar) quebrada.

A alegria do bicampeão não veio do resultado: ele foi um dos maiores defensores de um regulamento que permitisse carros mais rápidos na F-1. E conseguiu.

Com o novo regulamento, que permite a geração de mais downforce (ou força descendente, no jargão do automobilismo), recordes de volta estagnados desde meados da década anterior começam a ser ameaçados, em especial nos treinos.

O aumento da velocidade ocorre principalmente nas curvas, deixando os carros mais arredios para os pilotos, além de exigirem mais preparo físico de quem está atrás do volante. Felipe Massa também manifestou apreço pela forma de guiar que o novo regulamento estabelece.

O problema, confirmando as suspeitas do início do ano, são as ultrapassagens —ou a falta delas. Além dos carros causarem mais turbulência para quem vem atrás, os pneus da Pirelli, a pedidos da organização, foram construídos de maneira a resistirem mais tempo. E nem o DRS, sistema que permite levantar a asa em alguns pontos do circuito, provocou o efeito desejado em Albert Park. O próprio Alonso, inclusive, foi um dos poucos a serem ultrapassados em pista no GP da Austrália.

Até mesmo o vencedor da corrida foi definido pela dificuldade em se ultrapassar. Lewis Hamilton fez seu pit stop antes de Vettel, mas saiu dos boxes colado atrás de Max Verstappen. Sem conseguir superar o holandês, empacou e viu Vettel chegar em primeiro.

Tudo aponta para uma temporada que reedita o pior da F-1 nas últimas duas décadas: provas jogadas nas paradas para a troca de pneus, com a formação procissões de competidores incapazes de decidirem a corrida em pista.

A FOM não se manifestou sobre o caso após a abertura da temporada, mas, já nos testes, adiantou que, caso ultrapassar se prove impossível após o GP da China, considera estudar mudanças nas regras de uso do DRS.

A China, próxima etapa do Mundial, é um bom laboratório. Apesar de não ser o circuito mais veloz do ano, Xangai tem a maior reta, com cerca de 1,2 km de extensão. Se não houver disputas ao final da mesma, é o caso de a categoria ligar a luz vermelha.

O GP acontece já na madrugada do próximo domingo (9).

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