Desde os testes de pré-temporada em Barcelona, sabia-se que a Ferrari poderia brigar pelas primeiras posições em 2017. Mesmo assim, a vitória de Sebastian Vettel em Albert Park não deixa de ser impressionante, dado o retrospecto apagadíssimo da escuderia no ano anterior.
Alguns números dão uma boa ideia da evolução: o triunfo na Austrália foi o primeiro da equipe italiana desde o GP de Cingapura de 2015 (com Vettel). Também desde então, há um ano e meio, a Ferrari não sabia o que era largar na primeira fila (também com Vettel).
Mais surpreendente do que o salto de qualidade do time, porém, foi a forma como ele se deu.
Sergio Marchionne, diretor-executivo da Ferrari, promoveu uma série de mudanças no corpo de engenheiros do time, promovendo nomes desconhecidos “da base” para o lugar de figuras consagradas ao longo de 2016. Tudo isso no meio do programa de desenvolvimento do carro de 2017, que incorporaria a maior mudança do regulamento aerodinâmico da década.
No fim de julho, por exemplo, a equipe divulgou um comunicado anunciando que o tarimbado James Allison não era mais diretor-técnico do time. Não ficou claro se a saída foi motivada pelos maus resultados no ano ou por motivos pessoais —a mulher de Allison havia morrido há pouco tempo, na Inglaterra, enquanto o engenheiro vivia na Itália, e este teria decidido retornar ao país natal para ficar mais perto da família. O fato é que Allison rapidamente foi incorporado aos quadros da rival Mercedes.
Para o posto, Marchionne promoveu o suíço Mattia Binotto, que está em Maranello desde 1997, sem projeção até aquele momento.
Ainda naquele período, Simone Resta foi promovido ao cargo de projetista-chefe. Chegou à Ferrari em 2002 e, sem alarde, foi galgando postos na hierarquia técnica. O carro de 2017, batizado de SF70H, é o primeiro que o italiano de Imola assina como principal responsável. Resta contou com a ajuda do único nome de peso do departamento: o sul-africano Rory Byrne, que projetou seis dos sete carros que foram campeões com Michael Schumacher.
Muito do fracasso de 2016 havia sido colocado, pelo paddock, na conta de Marchionne e do seu chefe de equipe, Maurizio Arrivabene, dois executivos que anos atrás jamais tinham trabalhado com automobilismo de competição na vida. O campeonato está só no começo e os resultados em Melbourne nem sempre são um bom indicativo de como ele vai se desenrolar, mas a vitória no domingo bem que chegou em boa hora para ambos.
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ATUALIZAÇÃO: Ao contrário do que dizia uma primeira versão deste post, Sebastian Vettel não era o líder do campeonato após o GP da Malásia de 2015, e sim o vice. O texto foi corrigido.