Recém-coroado campeão mundial de 2016, Nico Rosberg soltou a bomba cinco dias após o fim da temporada: o alemão decidiu se aposentar da F-1, aos 31. A resolução pegou a categoria inteira de surpresa e abriu um rombo no mercado de pilotos.
Alheio à dança das cadeiras, Rosberg se torna o sexto campeão a não defender o título em seis décadas e meia de categoria e, ao contrário do agora ex-piloto da Mercedes, tais ocasiões raramente foram motivo de festa.
A última vez que o circo passou por situação semelhante foi em 1993, quando Alain Prost pendurou seu capacete branco e azul após conquistar o tetracampeonato. Ele havia anunciado a decisão poucos dias antes de ratificar o título, na sexta-feira antes do GP de Portugal. “Quero terminar no topo”, justificou no Estoril, mas especulou-se que a razão seria mais prosaica: poucos dias antes, Ayrton Senna havia sido confirmado na equipe Williams, e Prost não tinha a menor intenção de dividir mais uma vez a equipe com seu desafeto.
No ano anterior, Nigel Mansell foi outro campeão que optou não repetir a conquista por divergências com Frank Williams. O inglês ficou irritado por saber que a equipe tinha um contrato com Prost fechado para o ano seguinte.
Mansell fez as malas, atravessou o Atlântico e fez um ano brilhante na Indy, conquistando o campeonato da categoria americana. Mas não foi sua aposentadoria definitiva da F-1 —após a morte de Senna, foi procurado por Ecclestone para substituir o brasileiro na própria Williams. Fez quatro provas em 1994, venceu uma e transferiu-se para a McLaren, na qual, após corridas sofríveis, se retirou com muito pouca honra.
MORTES
Fora Mansell e Prost, as outras desistências foram marcadas pela tragédia. O tricampeão Jackie Stewart, em 1973, havia decidido encerrar a carreira com uma festa em Watkins Glen, mas seu companheiro de Tyrrell e amigo pessoal François Cevert morreu em um acidente nos treinos. Tendo garantido o título em Monza, o escocês desistiu de correr, bem como toda a equipe.
Já o inglês Mike Hawthorn anunciou o fim da carreira feliz após confirmar o título na última prova do campeonato de 1958, mas não pôde curtir a aposentadoria por muito tempo. Em janeiro do ano seguinte, morreu ao bater seu Jaguar em uma estrada britânica. Também se soube mais tarde que médicos já lhe haviam desenganado, devido a problemas renais crônicos. O piloto já não contava viver mais de dois anos depois de abandonar as pistas.
Por fim, Jochen Rindt não teve nem tempo de desistir de correr: morreu no GP da Itália de 1970, antes que seu título pudesse ser confirmado. É o único campeão póstumo da história da categoria.