Ao chegar no Brasil, Max Verstappen era mais um na extensa lista de pilotos jovens, muito agressivos e muito rápidos que aparecem na F-1 a cada par de anos. Agora, ele volta para casa como muito mais do que uma promessa.
Com pneus de chuva claramente defasados, o controle do carro demonstrado pelo holandês credencia o GP Brasil como uma das melhores performances individuais de um piloto na última década. Verstappen parece ter desenvolvido um terceiro sentido para encontrar a aderência em uma pista molhada apenas comparável ao de Senna e Schumacher.
A ultrapassagem sobre Nico Rosberg na curva do Sol é o melhor exemplo. Quando viu a Mercedes perder tração na saída do S do Senna, Verstappen se projetou do lado de fora e encontrou um traçado completamente novo. “Quando cheguei na reta e vi ele apontando 90 graus em direção ao muro, pensei ‘mas como assim?’”, confessou Rosberg, num tom bem-humorado, após a corrida.
Vettel não ficou tão feliz assim depois que foi parar na grama tentando não ser superado pela Red Bull número 33. A manobra começou do lado de fora do Bico de Pato e os dois carros se mantiveram lado a lado até a Junção, quando Verstappens já estava por dentro.
Verstappen enfileirou ultrapassagens a torto e a direito, mas quase nenhuma delas teria existido não fosse um erro de cálculo da equipe austríaca, que calçou pneus intermediários em seu piloto. A chuva ficou mais intensa, e o carro teve de ser chamado novamente aos pits. “O jogo de pneus estava muito bom, mas começou a chover mais forte e o último setor ficou inguiável. Esva muito difícil antes, mas ficou inguiável com intermediários”, explicou.
Desnecessário dizer, ter consertado uma rodada no meio da subida dos Boxes e prosseguir na prova como se nada tivesse acontecido deixou o autódromo inteiro, arquibancadas e paddock, boquiaberto.
Que o garoto de 19 anos tinha potencial, todos já sabiam, mas, nas últimas corridas, suas manobras estavam se destacando mais por colocar os adversários em risco do que exatamente pelo talento. Verstappen já tinha um grande carro nas mãos. Mesmo sua primeira vitória, em Barcelona, só aconteceu por causa de um erro crasso de estratégia que a Red Bull impôs a seu companheiro, Daniel Ricciardo.
Quando cruzou a linha de chegada em terceiro, Verstappen obteve muito mais do que 15 pontos e sua primeira melhor volta. Se souber amadurecer bem, o holandês pode almejar colocar seu nome entre os maiores da história do esporte a motor.