A insustentável leveza de Felipe Massa

Por Daniel Médici
Felipe Massa posa para foto na reta dos Boxes de Interlagos (@massafelipe19/Instagram/Reprodução)
Felipe Massa posa para foto na reta dos Boxes de Interlagos (@massafelipe19/Instagram/Reprodução)

Entre as qualidades que Felipe Massa demonstrou como piloto, uma das mais marcantes foi a de não ceder sob pressão. Correr em frente à sua torcida em Interlagos ou lutar por um título mundial improvável nunca abalaram o piloto brasileiro —muito pelo contrário, extraíram dele seus melhores desempenhos.

É fácil, porém, esquecer disso agora que o nervosismo passa longe da cabeça do ocupante da Williams número 19. Nesta quarta (9), ao receber jornalistas brasileiros para um almoço, Massa, às vésperas de sua aposentadoria da F-1, era a leveza em pessoa. Conversou sobre corridas, sobre o futuro de sua carreira, sobre o filho e sobre futebol com um ar de tranquilidade muito semelhante ao de seu filho, Felipinho, de 6 anos de idade, também presente no evento.

Foi sincero ao dizer que decidiu sair da F-1 por não ter recebido uma proposta para guiar um carro competitivo em 2017. Instado a falar sobre o futuro, deixou claro que está analisando com a maior calma do mundo propostas de três outras categorias —DTM, WEC e Fórmula E. A prioridade, ao fim da temporada, é relaxar. “É difícil lembrar de alguma viagem que eu fiz nesses anos todos que não tivesse uma corrida no meio”, disse.

Às vésperas da penúltima etapa de um ano tumultuado, com um total de 21 corridas, o piloto também revelou sentir falta de passar uma semana inteira com a família. Confidenciou, também, que vai sentir falta de correr os GPs do Brasil e do Japão, onde o carinho dos torcedores é mais exacerbado. Por outro lado, a lista daquilo que não vai deixar a mínima saudade também é extensa —a começar pelas quintas-feiras de GP, lotadas de compromissos corporativos e sem atividade de pista: “Acho que nenhum piloto gosta de quinta-feira”.

Massa se diz surpreso com o carinho que vem recebendo, em suas despedidas, do pessoal do paddock que conviveram com ele nos últimos 14 anos. Mas isso não surpreende que vê a paciência de Jó com que o piloto trata seus fãs, tirando fotos, conversando, jamais recusando a atenção —tudo isso fruto, confessou ele no início da carreira, de um autógrafo que Ayrton Senna lhe negara ainda criança, e que marcou para sempre o pequeno Felipe.

Mesmo com a agenda atribulada, o piloto saiu do restaurante mais de uma hora atrasado. Ele ainda parece mal acostumado com sua futura realidade: Massa, que desde cedo perseguiu a vocação para as corridas, ainda vai demorar um pouco para se adaptar a uma vida sem pressa.