Confusão pós-corrida no México foi de dar inveja a apuração de Carnaval paulista

Por Daniel Médici
Limão, groselha ou tamarindo? No México, Sebastian Vettel chegou em quarto, subiu ao pódio em terceiro e terminou o dia em quinto (Clive Mason/Getty Images/AFP)
Limão, groselha ou tamarindo? No México, Sebastian Vettel chegou em quarto, subiu ao pódio em terceiro e terminou o dia em quinto (Clive Mason/Getty Images/AFP)

Foi um GP do México agitado —pena que a maior parte das trocas de posição tenha se dado depois do fim da corrida. Para definir o resultado, a organização se meteu em um imbróglio de dar inveja a qualquer apuração do Carnaval paulista.

Tudo começou quando, a poucas voltas do final, Verstappen, Vettel e Ricciardo disputavam a terceira posição. Pressionado pelo alemão, Verstappen cortou a primeira chicane para evitar ser ultrapassado. Vettel, literalmente, não deixou quieto: soltou uma sequência poucas vezes ouvida de impropérios pelo rádio. A direção de prova não se sensibilizou e avisou que só decidiria a legalidade da manobra depois da prova.

Com Vettel bloqueado, Ricciardo encostou na Ferrari e até insinuou uma bela manobra de ultrapassagem, que não se concretizou. Os comissários entraram em cena mais uma vez e julgaram suspeita sobre a postura de Vettel ao defender a manobra.

Verstappen chegou em terceiro, mas não subiu ao pódio. Sua manobra foi julgada ilegal, e a torre de controle decidiu acrescentar 5s a seu tempo de corrida, jogando-o para a quinta posição.

Um Vettel radiante subiu ao pódio e comemorou junto aos mecânicos da Ferrari, mas a festa duraria pouco. Cerca de quatro horas após o fim da corrida, os comissários anunciaram uma nova punição: dez segundos ao alemão, pelo toque dado em Ricciardo resultante da disputa entre os dois. O australiano virou o novo terceiro colocado, com Vertappen em quarto e o furioso Vettel em quinto.

Toda essa confusão teria sido evitada caso os comissário tivessem agido rápido e orientado Verstappen a ceder sua posição a Vettel logo após ter cortado caminho.

Essa judicialização exagerada já acontece há algum tempo. O problema da postura da direção de prova (Charlie Whiting à frente) não é apenas confundir os cada vez mais raros torcedores. Atuando com a agilidade da Justiça brasileira e a transparência do Tribunal do Santo Ofício, os comissários desencorajam as cada vez mais escassas boas disputas de posição, como a que aconteceu entre Vettel e Ricciardo.

É uma pena que, na antepenúltima corrida da temporada da F-1, os pilotos não tenham sido os protagonistas do espetáculo.