Adeus de Felipe Massa à Fórmula 1 deixa o Brasil órfão de ídolos

Por Daniel Médici
Felipe Massa em Melbourne, no início de sua derradeira temporada na F-1 (Saeed Khan/AFP)
Felipe Massa em Melbourne, no início de sua derradeira temporada na F-1 (Saeed Khan/AFP)

Felipe Massa não decidiu à toa anunciar sua despedida da Fórmula 1 em Monza. Foi no autódromo italiano que, dez anos atrás, Michael Schumacher também anunciou que deixaria as pistas ao final daquela temporada (ele voltaria atrás em sua decisão pouco tempo depois).

O brasileiro sabia que Kimi Raikkonen estava confirmado na Ferrari no ano seguinte, e, portanto, a decisão de Schumacher lhe deu sobrevida na equipe italiana. Os dois anos seguintes seriam os mais vitoriosos de sua carreira.

Massa deixou claro que deixar a Fórmula 1 para trás não significa aposentadoria —não anunciou, porém, qual sera o próximo passo. Ele está certo: existe muita coisa legal acontecendo no automobilismo fora da categoria mais famosa, hoje às voltas com a perda mundial de popularidade e disputas mesquinhas de interesses nos bastidores.

Mais do que isso, não deve ter sido fácil para o piloto assistir à Williams andar para trás desde o início da temporada de 2016, sem a mínima chance de brigar contra as Ferraris e Red Bulls.

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Mesmo faltando oito corridas para o final da temporada, é razoável supor que o brasileiro vai encerrar sua história na categoria com 11 vitórias, 16 poles e a mágoa de ter visto o campeonato mundial escapar por apenas um ponto.

Mesmo sem o título, durante muito tempo, uma legião de fãs brasileiro o tratou, se não como um campeão, pelo menos como um vencedor. Suas grandes performances em Interlagos, em frente à sua torcida, levantaram a auto-estima do brasileiro fã de automobilismo.

Quando Ayrton Senna morreu, de repente, Rubens Barrichello tinha um único pódio na carreira, mas ostentava uma história de títulos nas categorias de base e conseguiu ser visto, de certa forma como herdeiro (uma herança maldita, é verdade) da linhagem brasileira de idolos atrás do volante. O mesmo não pode ser dito —e isso não tem tanto a ver com talento— de Felipe Nasr.

Felipe Massa se retira da Fórmula 1, e, pela primeira vez desde Fittipaldi, ou até de Chico Landi, o Brasil está órfão de pilotos.