A lendária ultrapassagem de Piquet sobre Senna completa 30 anos; veja o vídeo

Por Daniel Médici
Hungaroring, volta 57: uma das grandes manobras da história da F-1 (Youtube/Reprodução)
Hungaroring, volta 57: uma das grandes manobras da história da F-1 (Youtube/Reprodução)

Foi a primeira corrida realizada em um país do bloco socialista. Mas o GP da Hungria de 10 de agosto de 1986 teve um outro bom motivo para entrar para a história —a ultrapassagem de Nelson Piquet sobre Ayrton Senna pela liderança.

Piquet, dizem jornalistas que cobriam a F-1 na época, era adepto de uma tocada “limpa”, mais propenso a preservar equipamento e pneus. Quando necessário, porém, mudava seu estilo: não à toa, venceu três grandes prêmios em Monza, circuito onde era imprescindível atacar as zebras das chicanes sem muita parcimônia.

Por isso, não impressiona que o brasileiro tenha usado todos os truques possíveis naquela primeira curva da volta 57 em Hungaroring, incluindo uma derrapagem controlada típicas das provas de rali.

Impressiona também pelo ultrapassado, que atendia pelo nome de Ayrton Senna da Silva. Fosse outro piloto, aliás, talvez a manobra nunca tivesse acontecido. Duas voltas antes, na mesma curva (talvez a única que permitisse a troca de posições no travadíssimo circuito de Hungaroring à época), Piquet, já grudado na caixa de câmbio da Lotus preta do compatriota, tentou tirar pelo lado de dentro a curva. Perdeu a trajetória, abriu demais e Ayrton deu o “xis” metros depois de ter perdido a posição.

A genialidade de Piquet falou mais alto ao tentar a ultrapassagem por fora, o que ninguém acreditava ser possível no local.

 

Dois anos mais tarde, seria Prost que tentaria ultrapassa Ayrton em Hungaroring, colocando o carro por dentro. Assim como Piquet, tomou o “xis”. Não era do feitio do francês arriscar por fora, e Senna se segurou na ponta até a bandeirada.

Nos idos de 1986, as desavenças entre Senna e Piquet eram uma pálida sombra da rivalidade que eles alimentariam nas temporadas seguintes. Mas, acima de tudo, a ultrapassagem, que ainda por cima valia a liderança, é o retrato perfeito de uma época em que os brasileiros eram protagonistas na Fórmula 1. Três décadas atrás, os brasileiros podiam se dar ao luxo de escolher um compatriota para torcer (e outro para odiar) na principal categoria do automobilismo.

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