Estatísticas colocam Nico Rosberg ao lado de campeões (mas estatísticas mentem)

Por Daniel Médici
Nico Rosberg comemora com a equipe vitória no GP da China (@mercedesamgf1/Instagram/Reprodução)
Nico Rosberg comemora vitória no GP da China com a equipe Mercedes (@mercedesamgf1/Instagram/Reprodução)

A última vez que Nico Rosberg se defrontou com uma derrota foi em outubro de 2015. Líder, o alemão era perseguido por Lewis Hamilton, quando, a menos de dez voltas para o final cometeu um “erro não forçado” (para usar um jargão do tênis) e entregou o título antecipado a seu companheiro de equipe.

A vitória provavelmente não reverteria suas chances de ser campeão, mas a derrota, da forma que veio, pareceu condenar o piloto ao estigma de coadjuvante.

Não foi o que aconteceu. Nas últimas três etapas daquele ano, foram três vitórias para si. Mais três GPs em 2016, e já são seis triunfos consecutivos para Nico. A série é tão impressionante que apenas três pilotos, todos campeões mundiais, venceram mais GPs de forma seguida na F-1: Michael Schumacher, Alberto Ascari e Sebastian Vettel.

A conquista no GP da China —justamente o local onde ele subiu pela primeira vez ao alto do pódio— foi a 17ª de sua carreira, o que o faz superar o inglês Stirling Moss em número absoluto de vitórias.

Ou seja, atualmente, Nico Rosberg é o piloto que contabiliza mais vitórias sem ser campeão —o recorde, porém, não é absoluto: no passado, Damon Hill levantou sua única taça com 21 vitórias, e Nigel Mansell, com 29, por exemplo.

Mais uma estatística dá fôlego às chances de Nico: todos os pilotos que conseguiram vencer os três primeiros GPs da temporada sagraram-se campeões ao final do mesmo ano (incluindo, curiosamente, os mesmos Nigel Mansell e Damon Hill).

Mas, se Nico se apegar apenas às estatísticas, corre o risco de naufragar. Em primeiro lugar, porque a temporada de 2016 deve ser a mais longa da história da F-1, com 21 GPs previstos, e muita coisa deve acontecer até o encerramento, em Abu Dhabi.

Além disso, o piloto pode ver em seu próprio pai um contra-exemplo. Keke Rosberg, em que pese seu talento, talvez tenha sido o campeão mundial mais improvável da categoria: em 1982, ano em que levou o título, venceu apenas um GP, que, por sua vez, também foi sua primeira conquista.

Além de Hamilton, Nico também precisa se preocupar com as Ferrari neste ano, posto que os carros vermelhos ainda não mostraram todo o seu potencial. Além disso, uma atualização dos motores Renault prometidas para o GP do Canadá pode colocar as Red Bull na briga. 

O brilho do início de campeonato de Nico não é suficiente para ofuscar seu erro em Austin. O alemão ainda tem muito o que provar para colocar seu nome entre o dos campeões.