A temporada de 2016 da Fórmula 1 começa em Melbourne, na madrugada do próximo domingo (20) já com a ameaça de um recorde negativo para os pilotos brasileiros.
Caso nenhum dos Felipes (e Massa obviamente tem mais chances do que Nasr) obtenha uma vitória até o GP de Mônaco, o país terá amargado o maior período sem triunfos na categoria desde a primeira conquista de Emerson Fittipaldi, em 1970.
Se até Monte Carlo o primeiro lugar não vier, quando for dada a largada para o GP seguinte, o do Canadá, no circuito Gilles Villeneuve, já terão sido completados 2.464 dias desde que o hino nacional tocou ao final de uma prova pela última vez, no GP da Itália de 2009, para Rubens Barrichello.
Até o momento, o maior hiato entre dois triunfos brasileiros (e talvez o mais traumático) ocorreu entre 1993 e 2000 —foram 2.457 dias entre a última vitória de Ayrton Senna e a primeira, imensamente aguardada de Barrichello.
Em número de Grandes Prêmios, a marca já foi batida no ano passado, no GP britânico —já são 119 GPs sem a bandeira brasileira no alto do pódio. Entre o GP da Austrália de 1993 e o da Alemanha de 2000, foram disputadas 109 corridas.
Uma temporada de Fórmula 1 atual tem em torno de 20 etapas, contra 16 na maior parte dos anos 90, daí a diferença.
Isso significa que quase uma geração inteira de brasileiros nunca ouviu a tal da musiquinha da vitória ser tocada numa transmissão ao vivo de F-1, ou era criança demais para lembrar. Nesse período, o Brasil viu surgir, por exemplo, um punhado de estrelas no UFC e um campeão mundial no surfe.
É óbvio que muita gente pode se interessar por um esporte sem que um conterrâneo esteja na elite do mesmo, mas esse não parece ser o comportamento típico do público brasileiro —de forma que Anderson Silva e Gabriel Medina são candidatos muito mais fortes a ídolos esportivos da molecada por aqui do que Massa, cuja última vitória aconteceu no já distante GP do Brasil de 2008.
Massa, aliás, se vencer mais uma vez na Fórmula 1, vai quebrar uma outra marca: o de piloto com o maior hiato entre duas vitórias. O recorde atual pertence a Riccardo Patrese, que teve de esperar 99 corridas para repetir o feito entre os GPs da África do Sul de 1983 e San Marino de 1990 —foram 2.403 dias no total, certamente muito longos para o italiano.
No caso de um triunfo de Massa neste domingo, na Austrália, terão sido 133 corridas de espera, nada menos que 2.695 dias —ou mais de 7 anos e 4 meses.
Se a perspectiva de uma vitória brasileira é realista ou não, ainda é cedo para saber. As respostas começam a surgir quando os carros forem para a pista em Melbourne. O primeiro treino livre começa às 22h30 desta quinta-feira (no horário de Brasília).