GridRubens Barrichello – Grid http://grid.blogfolha.uol.com.br Um olhar aficionado sobre o automobilismo Thu, 19 Oct 2017 12:53:30 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Hoje sim, hoje sim faz 15 anos que Barrichello cedeu vitória a Schumacher na Áustria http://grid.blogfolha.uol.com.br/2017/05/12/hoje-sim-hoje-sim-faz-15-anos-que-barrichello-cedeu-vitoria-a-schumacher-na-austria/ http://grid.blogfolha.uol.com.br/2017/05/12/hoje-sim-hoje-sim-faz-15-anos-que-barrichello-cedeu-vitoria-a-schumacher-na-austria/#respond Fri, 12 May 2017 05:00:09 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/16066108.jpeg http://grid.blogfolha.uol.com.br/?p=624
Barrichello, em sua Ferrari, se prepara para os treinos livres de sexta do GP de San Marino de 2001 (Patrick Hertzog/AFP)

Há 15 anos, Michael Schumacher vencia o GP da Áustria num autódromo lotado de fãs alemães. Era 2002, e seu pentacampeonato parecia uma questão de tempo. Mas, no lugar dos aplausos, o que se ouvia em Spielberg era uma vaia uníssona. No pódio, os pilotos da Ferrari não sabiam onde enfiar a cara. Foi um dos momentos mais constrangedores da história da F-1, por motivos óbvios.

Rubens Barrichello havia liderado a corrida inteira, impondo-se pela primeira vez no ano sobre o companheiro de Ferrari. Era apenas a sexta corrida da temporada, mas Schumacher já contava quatro vitórias. Um jogo de equipe àquela altura e naquelas condições não era justificável. Mesmo assim, a transmissão da TV não cansava de mostrar Ross Brawn, o diretor técnico, conversando no rádio com os pilotos, sob o beneplácito de Jean Todt. Os temores se confirmaram depois da última curva da última volta: Rubinho desacelerou e se conformou com o segundo lugar.

Aquela imagem se cristalizou na memória do público brasileiro. Talvez por uma razão inconsciente, até: no ano anterior, no mesmo GP da Áustria, a Ferrari havia invertido a posição de Barrichello e Schumacher, numa prévia quase fotográfica dos acontecimentos. Mas ambos estavam atrás de David Coulthard, e o jogo de equipe definiu apenas um segundo lugar.

Rubinho contava, então, com apenas um triunfo na categoria.

Quase todo mundo saiu chamuscado do episódio. A F-1, ao ser taxada como uma categoria farsesca, com mais glamour do que competição. A Ferrari e seu chefe, Jean Todt, como inimigos do esporte. Schumacher, como um piloto mimado e autocentrado. E, finalmente, Barrichello, como um piloto condenado a ser eterno coadjuvante.

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Pior para Barrichello foi que aquele GP da Áustria reforçou uma impressão difusa que a opinião pública brasileira já havia construído sobre sua carreira, a de eterna promessa que nunca deslanchou. Por uma série de fatores.

Rubinho foi bem-sucedido nas categorias de base e parecia destinado a liderar a quarta geração de pilotos brasileiros campeões mundiais. Logo em sua segunda temporada de F-1, porém, viu Ayrton Senna morrer, e herdou precocemente o trono. Uma vez protagonista da torcida de um país acostumado a vencer, era natural que frustrasse as expectativas nacionais, já altíssimas.

Ainda jovem, lutou anos para se firmar em uma equipe de ponta enquanto sofria com um desempenho errático no meio do grid. A oportunidade veio, finalmente, com a Ferrari, a qual já tinha em Schumacher um líder inconteste. Na nítida posição de segundo piloto, conquistou sua primeira vitória a duras penas, em sua 124ª tentativa —um recorde negativo, só superado depois por Mark Webber. No ano seguinte, em 2001, apesar de ter o melhor carro à disposição, não repetiu o feito.

Para colocar panos quentes, a Ferrari evitou ordens polêmicas depois do fatídico GP da Áustria, e Barrichello terminou o ano com quatro vitórias. Mas o estrago já estava feito.

Todos os outros responsáveis pelo episódio, bem ou mal, se redimiram. Schumacher ganhou mais campeonatos, acumulou mais recordes e terminou a carreira respeitado. Ross Brawn foi campeão mundial até com sua própria equipe. Jean Todt é hoje o presidente da FIA, entidade máxima do esporte a motor. A F-1 e a Ferrari mantém o prestígio e um séquito de fãs.

Rubinho deixou um legado muito mais controverso. Aposentou-se da F-1 como o piloto com maior número de GPs disputados, mas nunca brigou por um título. Fez uma temporada razoável na Indy. Foi campeão na Stock Car, mas nunca se livrou da pecha que grudou nele em Spielberg, em 2002. Tem um grande número de fãs, mas muito mais detratores que Emerson, Piquet, Senna ou Felipe Massa.

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Novo recorde para o Brasil, mas não para ser comemorado http://grid.blogfolha.uol.com.br/2016/05/31/novo-recorde-para-o-brasil-mas-nao-para-ser-comemorado/ http://grid.blogfolha.uol.com.br/2016/05/31/novo-recorde-para-o-brasil-mas-nao-para-ser-comemorado/#respond Tue, 31 May 2016 18:51:50 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/16066108.jpeg http://grid.blogfolha.uol.com.br/?p=197 Felipe Massa, décimo colocado no GP de Mônaco; posição ajudou a sacramentar recorde negativo (Claude Paris/Associated Press)
Felipe Massa, décimo colocado no GP de Mônaco; posição ajudou a sacramentar recorde negativo (Claude Paris/Associated Press)

No próximo dia 12 de junho, quando for dada a largada para o GP do Canadá, o Brasil terá quebrado um recorde na Fórmula 1 —mas não um recorde do qual podemos nos orgulhar.

A corrida será a consumação do maior hiato de vitórias de pilotos nacionais na categoria desde o primeiro triunfo, em 1970. Terão sido 2.464 dias (ou quase seis anos e nove meses) sem a Globo rodar o “Tema da Vitória” após a bandeirada. A última vez que isso aconteceu foi no GP da Itália de 2009, o último triunfo de Rubens Barrichello.

O jejum supera os intermináveis 2.457 dias que separaram a última vitória de Ayrton Senna, na Austrália, em 1993, e a primeira de Rubinho, na Alemanha, em 2000.

Os brasileiros nunca se acostumaram a esperar muito pelo êxito na F-1, diga-se de passagem. Apesar de os primeiros aventureiros, com carros particulares e pouco dinheiro, como Chico Landi e Fritz d’Orey, não terem se destacado, Emerson Fittipaldi venceu um GP logo em sua primeira temporada —a etapa norte-americana. Foi campeão dois anos depois.

Durante quase duas décadas e meia, os brazucas exerceram um protagonismo incrível no certame. “Deve ser a água que eles bebem”, diziam os europeus, em tom de brincadeira, na época em que Piquet e Senna arrematavam títulos em sequência. Bom… não era.

As perspectivas atuais não dão margem para otimismo. A Williams de Felipe Massa não tem demonstrado ser carro o suficiente para brigar por vitórias, mesmo quando as Mercedes estão fora do páreo. O outro Felipe, Nasr, está preso ao cockpit da moribunda Sauber. Com a situação lamentável das categorias de base no Brasil, não é muito irreal imaginar esse hiato se estendendo até o fim da década, pelo menos.

É claro que não é impossível alguém se apaixonar por um esporte mesmo que não haja um competidor de seu país vencendo. Mas a própria mídia brasileira trata a F-1, e o esporte em geral, com forte viés nacionalista. A perspectiva, portanto, é que o interesse pelo esporte a motor no Brasil continue caindo.

A título de comparação, duas outras potências do automobilismo também acumulam anos na fila para ver um compatriota no alto do pódio. A Itália (que, a bem da verdade, torce mais para a Ferrari do que para pilotos italianos) não ganha uma prova desde o GP da Malásia de 2006. Já a França de Alain Prost, René Arnoux e Jacques Lafitte não sabe o que é vencer desde o GP de Mônaco de 1996, com o azarão Olivier Panis.

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A incrível geração de crianças que nunca viu uma vitória brasileira na F-1 http://grid.blogfolha.uol.com.br/2016/03/16/a-incrivel-geracao-de-criancas-que-nunca-viu-uma-vitoria-brasileira-na-f-1/ http://grid.blogfolha.uol.com.br/2016/03/16/a-incrivel-geracao-de-criancas-que-nunca-viu-uma-vitoria-brasileira-na-f-1/#respond Wed, 16 Mar 2016 14:28:05 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/16066108.jpeg http://grid.blogfolha.uol.com.br/?p=40 Williams driver Felipe Massa of Brazil sits in his car while waiting to leave the pits during the third practice session for the Formula One Mexico Grand Prix auto race at the Hermanos Rodriguez racetrack in Mexico City, Saturday, Oct. 31, 2015. (AP Photo/Christian Palma) ORG XMIT: MXDL107
Felipe Massa, que carrega a maior esperança de uma vitória brasileira na F-1, durante o GP do México, em 2015 (Christian Palma/Associated Press)

A temporada de 2016 da Fórmula 1 começa em Melbourne, na madrugada do próximo domingo (20) já com a ameaça de um recorde negativo para os pilotos brasileiros.

Caso nenhum dos Felipes (e Massa obviamente tem mais chances do que Nasr) obtenha uma vitória até o GP de Mônaco, o país terá amargado o maior período sem triunfos na categoria desde a primeira conquista de Emerson Fittipaldi, em 1970.

Se até Monte Carlo o primeiro lugar não vier, quando for dada a largada para o GP seguinte, o do Canadá, no circuito Gilles Villeneuve, já terão sido completados 2.464 dias desde que o hino nacional tocou ao final de uma prova pela última vez, no GP da Itália de 2009, para Rubens Barrichello.

Até o momento, o maior hiato entre dois triunfos brasileiros (e talvez o mais traumático) ocorreu entre 1993 e 2000 —foram 2.457 dias entre a última vitória de Ayrton Senna e a primeira, imensamente aguardada de Barrichello.

Em número de Grandes Prêmios, a marca já foi batida no ano passado, no GP britânico —já são 119 GPs sem a bandeira brasileira no alto do pódio. Entre o GP da Austrália de 1993 e o da Alemanha de 2000, foram disputadas 109 corridas.

Uma temporada de Fórmula 1 atual tem em torno de 20 etapas, contra 16 na maior parte dos anos 90, daí a diferença.

Isso significa que quase uma geração inteira de brasileiros nunca ouviu a tal da musiquinha da vitória ser tocada numa transmissão ao vivo de F-1, ou era criança demais para lembrar. Nesse período, o Brasil viu surgir, por exemplo, um punhado de estrelas no UFC e um campeão mundial no surfe.

É óbvio que muita gente pode se interessar por um esporte sem que um conterrâneo esteja na elite do mesmo, mas esse não parece ser o comportamento típico do público brasileiro —de forma que Anderson Silva e Gabriel Medina são candidatos muito mais fortes a ídolos esportivos da molecada por aqui do que Massa, cuja última vitória aconteceu no já distante GP do Brasil de 2008.

Massa, aliás, se vencer mais uma vez na Fórmula 1, vai quebrar uma outra marca: o de piloto com o maior hiato entre duas vitórias. O recorde atual pertence a Riccardo Patrese, que teve de esperar 99 corridas para repetir o feito entre os GPs da África do Sul de 1983 e San Marino de 1990 —foram 2.403 dias no total, certamente muito longos para o italiano.

No caso de um triunfo de Massa neste domingo, na Austrália, terão sido 133 corridas de espera, nada menos que 2.695 dias —ou mais de 7 anos e 4 meses.

Se a perspectiva de uma vitória brasileira é realista ou não, ainda é cedo para saber. As respostas começam a surgir quando os carros forem para a pista em Melbourne. O primeiro treino livre começa às 22h30 desta quinta-feira (no horário de Brasília).

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