GridGP da Europa – Grid http://grid.blogfolha.uol.com.br Um olhar aficionado sobre o automobilismo Thu, 19 Oct 2017 12:53:30 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Com recorde do ano, Williams retorna à pista onde alcançou melhor pit stop de todos os tempos http://grid.blogfolha.uol.com.br/2017/06/22/com-recorde-do-ano-williams-retorna-a-pista-onde-alcancou-melhor-pit-stop-de-todos-os-tempos/ http://grid.blogfolha.uol.com.br/2017/06/22/com-recorde-do-ano-williams-retorna-a-pista-onde-alcancou-melhor-pit-stop-de-todos-os-tempos/#respond Thu, 22 Jun 2017 09:00:09 +0000 http://grid.blogfolha.uol.com.br/files/2017/06/F1_Canadian_Grand_Prix_Auto_Racing-180x126.jpg http://grid.blogfolha.uol.com.br/?p=722 Se por um lado é verdade que a Williams não está fazendo um bom ano na pista, atrás até da Toro Rosso na tabela do campeonato, por outro a sua liderança permanece incontestável quando os carros entram no pit lane.

Nas primeiras sete etapas de 2017, a equipe de Grove marcou o melhor tempo das paradas de box em quatro delas. Na última prova, em Montreal, inclusive, estraçalharam o recorde do ano, com um pit stop de 2.17 segundos.

Prestes a disputar o GP do Azerbaijão, no próximo domingo (25), a Williams chega à mesma pista onde igualou o recorde de pit stop mais rápido de todos os tempos no ano anterior: a impressionante marca de 1.92 segundo, com Felipe Massa —tempo que já havia sido obtido pela Red Bull, com Mark Webber, no GP dos EUA, uma temporada antes.

A troca de pneus em Baku (que recebeu o curioso nome de GP da Europa) foi um resumo da dominância que o time inglês exerceu nas trocas de pneus. Das 21 corridas, a Williams realizou o melhor pit stop em 14.

Mas nem sempre foi assim, muito pelo contrário. Desde o fim do reabastecimento durante os GPs, em 2010, e até 2015, a equipe tinha um problema crônico com as paradas. O próprio Massa jogou a culpa de não ter vencido o GP do Canadá de 2014 a um pit stop especialmente lento.

Numa categoria que guarda a sete chaves seus segredos industriais, nunca foi dada uma resposta clara sobre como a Williams conseguiu reverter a situação de uma temporada para outra a ponto de ser a líder inquestionável do fundamento.

“Nós tínhamos um problema com as rodas que ‘grudavam’ no encaixe no ano passado [2015], e tivemos que redesenhar completamente [essa parte do carro]”, disse o então diretor técnico da Williams, Pat Symonds, em 2016, ao site Motorsport.com, sem dar mais detalhes —havia a suspeita de que a liga metálica usada dilatasse demais durante as corridas, travando a roda, mas a informação nunca foi comprovada.

A partir daí, a equipe passou também a investir na análise detalhada dos equipamentos, como pistolas de ar e macacos, e até monitorar com sensores eletrônicos a resposta fisiológica dos mecânicos envolvidos. Todos os pit stops são filmados e analisados posteriormente para avaliação. Hoje, a função que cada um dos envolvidos exerce na troca de pneus influencia até as cadeiras onde os mesmos sentam nos boxes durante a corrida. Durante o inverno europeu, a Williams também desenvolve treinos físicos e técnicas de controle de ansiedade específicas.

Carro de Felipe Massa nos boxes de Interlagos com o encaixe da rida à mostra, em Interlagos, 2016 (Daniel Médici/Arquivo Pessoal)

Apesar disso, é consenso de que a marca de 1s92 dificilmente será batida. Em primeiro lugar, porque a maioria das equipes considera que o investimento necessário para diminuir em alguns décimos o tempo de parada já não compensa. Em segundo lugar, e mais importante, os pneus mais largos implantados em 2017 tornam a tarefa mais extenuante.

Em que pesem as dificuldade, membros da Williams já declararam à imprensa que, em condições ideais, seria possível fazer uma troca em até 1s6. Talvez seja o maior motivo de orgulho que Grove pode almejar na presente temporada.

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Primeira volta de Max Verstappen na China foi uma pequena obra de arte http://grid.blogfolha.uol.com.br/2017/04/11/primeira-volta-de-max-verstappen-na-china-foi-uma-pequena-obra-de-arte/ http://grid.blogfolha.uol.com.br/2017/04/11/primeira-volta-de-max-verstappen-na-china-foi-uma-pequena-obra-de-arte/#respond Tue, 11 Apr 2017 17:43:33 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/16066108.jpeg http://grid.blogfolha.uol.com.br/?p=594
A partir deste momento, Max Verstappen vai conquistar nove posições em menos de dois minutos (F1/Facebook/Reprodução)

É pura coincidência que nesta terça (11), dois dias após o GP da China, se completem 24 anos da famosa vitória de Ayrton Senna no GP da Europa de 1993, em Donington Park. Assim como o brasileiro, Verstappen deu um show em sua primeira volta, saindo d0 16º lugar no grid para a sétima posição.

Apesar de ter sido uma prova movimentada, com chuva intermitente e diversas paradas de box, aquele GP da Europa ficou para sempre marcado pela primeira volta de Senna, que saiu do quarto posto, chegou em quinto na primeira curva, mas já era líder quando passou novamente pela reta dos boxes.

Em que pese a opinião de muitos fãs, porém, Ayrton nunca considerou aquela a sua maior vitória na carreira. Ele dizia que seu primeiro triunfo, em no GP de Portugal de 1985, tinha sido muito mais difícil —a pista estava mais molhada, o motor turbo despejava mais potência de maneira mais imprevisível, e a sua Lotus não dispunha de controle de tração.

Ainda assim, as imagens daquele dia são um deleite para os olhos de qualquer entusiasta. Puxando pela memória, há ainda algumas outras primeiras voltas que ficaram marcadas na história da F-1.

Jim Clark, por exemplo, é um nome que não pode ficar fora de qualquer lista do tipo. Sua estratégia nas corridas (seguida por Senna, inclusive) era aproveitar as condições adversas, como o carro pesado, água e óleo longe da temperatura ideal, para construir uma vantagem de imediato. Foi lendária sua atuação no GP da Bélgica de 1965, quando o escocês completou o primeiro giro tão à frente do segundo colocado que mecânicos e dirigentes presentes no box ficaram preocupados, pensando que um acidente múltiplo pudesse ter ocorrido em algum lugar do traçado —não havia muitas câmeras de TV nos autódromos naquela época.

Mais recentemente, Fernando Alonso também provou seu valor como “coelho”. No GP da Hungria de 2006, saiu em 15º do grid e passou adversários a torto e a direito nas primeiras voltas. Assumiu a liderança e provavelmente venceria, não fosse um problema no pneu, que o obrigou a abandonar.

No domingo, Verstappen se tornou um sério candidato a figurar nessa lista. Assim como o espanhol 11 anos antes, se aproveitou da pista molhada não escolheu pontos de ultrapassagem. A sorte nas paradas de box e a ultrapassagem sobre o companheiro de equipe, Daniel Ricciardo, lhe renderam um merecido terceiro lugar no pódio.

Menos mal que, ao contrário dos tempos de Jim Clark, hoje em dia as câmeras hoje estão em todo lugar nos autódromos. Inclusive dentro dos carros.

Atualização: A F-1 bloqueou a visualização do vídeo acima. Para assistir, clique em “Watch on YouTube” ou aqui, para vê-lo no site oficial da categoria.

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No aniversário de Fernando Alonso, relembre 5 de suas maiores vitórias http://grid.blogfolha.uol.com.br/2016/07/29/no-aniversario-de-fernando-alonso-relembre-5-de-suas-maiores-vitorias/ http://grid.blogfolha.uol.com.br/2016/07/29/no-aniversario-de-fernando-alonso-relembre-5-de-suas-maiores-vitorias/#respond Fri, 29 Jul 2016 10:00:37 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/16066108.jpeg http://grid.blogfolha.uol.com.br/?p=254 Alonso comemora no pódio com engenehiro da Ferrari Andrea Stella, no GP da Europa de 2012 (JAVIER SORIANOJavier Soriano/AFP)
Alonso comemora no pódio com engenheiro da Ferrari Andrea Stella, no GP da Europa de 2012 (Javier Soriano/AFP)

O bicampeão Fernando Alonso sopra 35 velinhas nesta sexta (29) longe de sua melhor fase profissional. Desde que saiu da Ferrari, sem deixar muitos amigos por lá, recaiu sobre ele a fama de —apesar do talento atrás do volante— não ter a capacidade de liderança suficiente para unir uma equipe em torno de si. Desde 2015, vem se arrastando com o projeto McLaren Honda, permanentemente às voltas com problemas mecânicos e cavalos de força que teimam em refugar da unidade de potência japonesa.

Ainda assim, pouca gente entendida do assunto excluiria Alonso da lista de melhores pilotos da atualidade. Nas suas 15 temporadas de Fórmula 1, incomodou muita gente, envolveu-se em manobras pouco éticas (Cingapura em 2008, Alemanha em 2010), mas foi capaz de arregalar os olhos do espectador mais de uma vez.

Não dá para saber se isso basta para levar a McLaren de volta ao topo. Mas, para celebrar a data, relembre cinco das vitórias mais impressionantes do príncipe das Astúrias (mais uma corrida bônus).

GP DA ESPANHA – 2013

Com a bandeira espanhola, em Montmeló, após cruzar a linha de chegada (Lluis Gené/AFP)
Em Montmeló, com a bandeira espanhola, após cruzar a linha de chegada (Lluis Gené/AFP)

Um velho ditado da Fórmula 1 diz que uma corrida nunca se conquista —apenas se perde— na primeira volta. Largando em quinto, Alonso levou três curvas para desbancar o senso comum, ultrapassando Raikkonen e Hamilton por fora em uma mesma manobra. Nas outras 65 voltas, o espanhol controlou o desgaste dos pneus em um asfalto reconhecidamente abrasivo, enquanto Vettel e Rosberg sofriam com seus compostos. Nem mesmo um pneu furado pouco antes do quarto pit stop foi capaz de deter o piloto da casa.

O resultado foi sua terceira vitória em solo pátrio e parecia escalar para uma chance real de levar o terceiro título. A impressão não resistiu ao teste do tempo, e essa foi sua última vitória naquela temporada —e até o momento.

GP DA EUROPA – 2012

Nas ruas de Valência, com a bandeira espanhola, após cruzar a linha de chegada (FOM/Reprodução)
Nas ruas de Valência… também com a bandeira espanhola (FOM/Reprodução)

Alonso alinhou a Ferrari numa nada honrosa 11ª posição, na sexta fila do grid, com cara de poucos amigos. Afinal, o circuito citadino de Valência nunca foi conhecido pelas ultrapassagens.

O jeito foi inventar pontos de ultrapassagens novos. O espanhol já era oitavo ao fim da primeira volta. Quarto na volta 22. Terceiro na volta 28, quando o Safety Car entrou na pista. Cinco voltas depois, no momento em que a bandeira verde era agitada novamente, Vettel, que havia liderado com folga até então, estava parado na pista e Alonso arrancava para passar Grosjean e se tornar líder. Era a sua primeira vitória na Espanha desde 2006, e quem viu se lembra dela até hoje.

A prova terminou com Michael Schumacher em terceiro lugar, herdado após uma batida de Maldonado em Hamilton nos instantes finais. Foi o primeiro pódio do alemão após seu retorno da aposentadoria, e também seria seu último.

GP DA EUROPA – 2007

Alonso, na McLaren, recebe a bandeira quadriculada em Nürburgring (Kai Pfaffenbach/Reuters)
Alonso, na McLaren, recebe a bandeira quadriculada em Nürburgring (Kai Pfaffenbach/Reuters)

Outra corrida conturbada, dessa vez em Nürburgring, com chuva no início e no fim, bandeira amarela e até Markus Winkelhock na liderança por seis voltas – mais do que Alonso, que liderou apenas cinco. No intermezzo de pista seca entre uma pancada e outra, o espanhol esteve com uma McLaren instável se arrastando na segunda posição. Ao colocar o pneu de chuva, na volta 54, não demorou duas para encostar em Felipe Massa e ultrapassá-lo, com direito a toque e discussão extrapista. Noves fora o estranhamento entre os dois futuros companheiros de equipe, não deixou de ser um belo espetáculo.

GP DA AUSTRÁLIA – 2006

No pódio em Melbourne, após uma corrida sem erros (Rainer Jensen/Efe)
No pódio em Melbourne, após uma corrida sem erros (Rainer Jensen/Efe)

Como de hábito em Melbourne, foi uma prova marcada por problemas. Aconteceu de tudo, desde a volta de apresentação, quando o pole, Giancarlo Fisichella, simplesmente não saiu do lugar e Montoya rodou. Foram três entradas do Safety Car, incontáveis batidas e rodadas e todo o grid tomando sua cota de decisões erradas —menos Alonso, que fez o pit stop no momento certo e passou incólume pelos contratempos alheios. O piloto da Renault começava o caminho em direção a seu segundo título mundial.

GP DE SAN MARINO – 2005

Os rivais também se divertem; pódio do GP de San Marino de 2005 (Giampiero Sposito/Reuters)
Os rivais também se divertem; pódio do GP de San Marino de 2005 (Giampiero Sposito/Reuters)

A segunda vitória na temporada que lhe daria o primeiro título foi um teste de nervos para o piloto, que teve que segurar um Michael Schumacher furioso nas 12 voltas finais colado em sua caixa de câmbio. Lembremos que era a casa da Ferrari, e o alemão ainda ostentava o número 1 na carenagem.

Ironia suprema do destino, Schumacher venceria em Imola no ano seguinte tendo que segurar Alonso atrás de si, numa repetição fotográfica dos acontecimentos com os sinais trocados. Mas, olhando em retrospecto, naquele penúltimo GP de San Marino, foi como se Alonso tivesse recebido suas credenciais de piloto campeão.

BÔNUS

GP DA HUNGRIA – 2006

Alonso dá início a uma de suas primeiras voltas mais impressionantes, em Hungaroring, 2006 (Laszlo Balogh/Reuters)
Alonso —na Renault azul— dá início a uma de suas primeiras voltas mais impressionantes, em Hungaroring, 2006 (Laszlo Balogh/Reuters)

Uma das melhores corridas da vida de Alonso não lhe rendeu um ponto sequer. Ele e Schumacher vinham disputando ponto a ponto o campeonato, e ambos foram punidos com perdas de posição no grid. Pela primeira vez na história, choveu em um GP da Hungria. Na pista molhada, sua primeira volta foi antológica, ultrapassando concorrentes a torto e a direito. Perseguiu Schumacher e lhe ganhou a posição após uma tensa batalha psicológica, em uma manobra por fora, em uma curva improvável.

Tudo indicava que seria a corrida de sua consagração, até que, poucos metros após sair de um pit stop, a junta homocinética da sua Renault simplesmente quebrou. Um abandono insólito, mas que não tirou o brilho de seu desempenho.

Alguma outra corrida do espanhol ficou marcada na sua memória? Deixe sua opinião nos comentários.

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Sergio Pérez, um alento para o esporte mexicano http://grid.blogfolha.uol.com.br/2016/06/30/sergio-perez-um-alento-para-o-esporte-mexicano/ http://grid.blogfolha.uol.com.br/2016/06/30/sergio-perez-um-alento-para-o-esporte-mexicano/#respond Thu, 30 Jun 2016 15:48:19 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/16066108.jpeg http://grid.blogfolha.uol.com.br/?p=231 Sergio Pérez sobre ao pódio no GP da Europa (Maxim Shemetov/Reuters)
Sergio Pérez comemora terceiro lugar no GP da Europa (Maxim Shemetov/Reuters)

Junho não foi um mês auspicioso para o esporte no México: uma das promessas da Copa América Centenário, a seleção do país caiu nas quartas de final, em um humilhante 7 a 0 contra o Chile, que viria a se sagrar campeão do certame.

Os mexicanos podem, pelo menos, ter o automobilismo como alento. Na Fórmula 1, Sergio Pérez, da Force India, vem de dois pódios em três corridas e já é considerado a sensação da temporada.

Em Baku, no GP da Europa, o piloto já tinha se tornado o centro das atenções no sábado, registrando o segundo melhor tempo da classificação. O resultado só lhe valeu a sétima posição no grid, devido à punição por uma troca de câmbio. O show prosseguiu no domingo, porém: lutou a corrida inteira e demonstrou combatividade ao ultrapassar Kimi Raikkonen nas voltas finais, mesmo sem valer a posição de fato, já que o finlandês acumulava uma punição em seu tempo final de prova. Chegou em terceiro.

Se alguém creditar o resultado à conjunção do motor Mercedes às longas avenidas de Baku, o piloto tem como contra-argumento sua brilhante pilotagem no GP de Mônaco, onde também foi terceiro colocado em um circuito travado, cheio de armadilhas, que começou em pista molhada.

O desempenho do mexicano, inegavelmente superior ao do companheiro, Nico Hülkenberg, já coloca Pérez no centro das intrigas da “silly season”, como postulante a substituto de Raikkonen na Ferrari.

A boa fase é mais um motivo para que os mexicanos lotem, mais uma vez, o autódromo Hermanos Rodríguez, que voltou ao campeonato em 2015, após 23 anos de ausência. Mesmo sem Pérez ter a mínima chance de vitória, o carisma do representante da casa foi suficiente para turbinar a festa do público na capital mexicana.

Se o futebol não está lá essas coisas, ao menos os mexicanos têm a chance de voltar as atenções para o esporte a motor. Os brasileiros, igualmente vítimas de uma goleada vexatória, não sabem ao certo se podem fazer o mesmo.

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Cidade de Baku brilha como cenário de corrida apagadíssima http://grid.blogfolha.uol.com.br/2016/06/19/cidade-de-baku-brilha-como-cenario-de-corrida-apagadissima/ http://grid.blogfolha.uol.com.br/2016/06/19/cidade-de-baku-brilha-como-cenario-de-corrida-apagadissima/#respond Sun, 19 Jun 2016 19:51:02 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/16066108.jpeg http://grid.blogfolha.uol.com.br/?p=216 Baku, vista de seu ângulo mais europeu, recebe a F-1 para o GP da Europa (Ivan Sekretarev/AFP)
Baku, vista de seu ângulo mais europeu, recebe a F-1 para o GP da Europa (Ivan Sekretarev/AFP)

Hamilton precisava de uma corrida de recuperação após bater nos treinos e largar em décimo. A missão de Rosberg era provar para si mesmo e para o mundo que tem a garra e o sangue frio necessários para ser campeão. Tudo isso num circuito de rua debutante, dotado de uma longa reta, algumas curvas rápidas e uma seção tão estreita que se assemelha mais a uma entrada dos boxes.

O que parecia ser receita suficiente para uma ótima prova de F-1 acabou não dando liga. Poucas disputas de posição, em boa parte por causa de um asfalto que não exigiria mais que uma troca de pneus para a maior parte dos pilotos, renderam mais bocejos do que emoções aos espectadores.

Não espanta que a transmissão de TV do GP da Europa tenha se concentrado tanto em tomadas que privilegiavam o skyline de Baku em detrimento dos carros que rasgavam as ruas.

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Nico Rosberg chegou em primeiro, mas o verdadeiro vencedor foi o regime do Azerbaijão, que conseguiu justamente o que queria: se aproveitar da estrutura da F-1 para divulgar uma imagem europeizada do país.

A começar pelo nome da etapa, GP da Europa, título normalmente empregado para a segunda corrida da temporada em um mesmo país —mas não existe um GP do Azerbaijão.

Perdido no meio do Cáucaso, com o pé no mar Cáspio, o país fica, por falta de palavra melhor, na chamada Eurásia, junto com um punhado de outras ex-repúblicas soviéticas. Dá-lhe aspas nesse GP da “Europa”.

Aliás, nada contra o direito à auto-afirmação dos Estados e dos povos. O Azerbaijão que se alinhe como bem lhe convém. Mas é de se ressaltar que o título dado ao GP é mais do que uma definição descritiva: é um recado ao mundo.

A cidade que as câmeras da F-1 registraram, porém, não deixam nada a dever para qualquer capital da Europa Ocidental. Avenidas largas entremeadas por boulevards arborizados, edifícios do século 19 e grandes jardins europeus compunham a paisagem ao redor do traçado.

Não é a primeira jogada do país para se vender como parte do Velho Mundo. O futebol do Azerbaijão é filiado à Uefa e sua capital está confirmada como uma das sedes da Eurocopa pan-europeia de 2020.

No pódio, para entregar o troféu ao vencedor, Nico Rosberg, estava ninguém menos do que Ilham Aliyev, que ostenta o título de presidente da República desde 2003, tendo recebido a faixa de seu próprio pai —um curioso caso de Presidência hereditária. A seu lado, a imbuída de premiar a equipe vencedora era sua mulher, Mehriban Aliyeva, no melhor estilo Elena Ceausescu.

Coadjuvante de luxo, Rosberg pega o voo de volta para casa com 25 pontos a mais na bagagem, 24 à frente do companheiro de equipe. Nada mal para um passeio nas ruas de uma bela cidade.

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